Por Fernando Mantovani

Quem me conhece ou lê meus artigos já percebeu que, desde o início da pandemia eu me mantenho bastante cauteloso quando o assunto é home office eterno. Não por conservadorismo, mas porque acredito fortemente nos benefícios do contato olho no olho, da troca de boas ideias na hora do cafézinho ou daquela oportunidade de ajudar ou ser ajudado em um momento de apuros sem que ninguém tenha que levantar a mão. São momentos únicos que promovem o estreitamento do relacionamento e ajudam a fortalecer o clima organizacional.

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Reconheço, porém, que a pandemia veio para quebrar muitos paradigmas e rever conceitos. Acho maravilhosa a prova que tivemos de que é possível trabalhar de qualquer lugar. Mas, ainda assim, prefiro trilhar o caminho do meio: o do trabalho híbrido. Aliás, de acordo com uma pesquisa da Robert Half, esse é o desejo de pouco mais de 70% dos profissionais entrevistados. Apenas 10,87% desejam trabalhar integralmente em casa.

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Aos gestores que, assim como eu, apostam na consolidação do trabalho híbrido, sugiro atenção especial a sete pontos:

1. Justificativa do modelo de trabalho


Na pesquisa, 37,68% dos entrevistados declararam estarem dispostos a buscar um novo trabalho se a empresa na qual atuam decidir não oferecer uma opção de jornada 100% remota ou híbrida. Dessa forma, ao estruturar o modelo de trabalho do seu negócio, prepare-se para responder questionamentos, como: “por que é fundamental para a empresa que eu trabalhe dessa forma?”.

2. Retenção de talentos


Com o aumento da discussão e da prática do conceito “work from everywhere ou “trabalhe de qualquer lugar”, a disputa por talentos entre as empresas aumentou de maneira considerável. Mais do que nunca, é fundamental que as organizações entendam a contratação como parte das estratégias do negócio e revisem seus planos de retenção para não ter que lançar mão da contraproposta, um risco invisível e fatal.

3. Qualificação do time


Não basta simplesmente migrar a equipe do presencial para o trabalho remoto ou híbrido. É preciso garantir que os membros do time tenham maturidade para trabalhar à distância. Afinal, trabalhar à distância exige o desenvolvimento ou aprimoramento de algumas habilidades que, diante do gestor, eram mais fáceis de administrar ou corrigir. Aqui, eu destaco a comunicação, o autogerenciamento e a capacidade de tomar decisões.

4. Capacitação da liderança


Como líder, entendo que alguns dos principais desafios do trabalho híbrido estão relacionados a manter a cultura da organização viva, evitar ruídos de comunicação, se manter atualizado quanto ao andamento dos projetos, manter os colaboradores engajados e produtivos e confiar que cada um está fazendo o que precisa ser feito. O líder que não se sentir adequado a esse novo momento, deve buscar apoio.

5. Tecnologia adequada


Mesmo sendo um fator óbvio, acredito que nunca é demais ressaltar a importância da cloud computing nesse processo de trabalho híbrido, assim como a adesão à ferramentas completas de comunicação, conexões seguras, equipamentos homologados pela área de TI da empresa e soluções de gestão de tarefas. Tudo, claro, considerando a privacidade e proteção de dados, incluindo controles de acesso.

6. Comunicação


De acordo com a pesquisa da Robert Half, entre as empresas que já decidiram como será a rotina pós-pandemia, 65,31% vão propor jornadas híbridas, enquanto 5,10% optará pelo trabalho totalmente remoto e 4,08% terá parte da equipe trabalhando totalmente do escritório e um grupo atuando remotamente. Com essa diversidade de atuação, a qualidade da comunicação e a eficiência no cascateamento das informações será essencial para manter ou elevar os resultados do negócio.

7. Bem-estar do colaborador


Nunca, dentro e fora das organizações se falou tanto do bem-estar físico, mental e emocional das pessoas. Esse assunto deve continuar no radar da alta gestão das empresas, entendendo que as pessoas são os bens mais valiosos do negócio. Seja presencial ou de maneira remota, é muito importante entender de qual apoio elas precisam para performar da melhor maneira.

Na minha visão, o ano de 2021 segue sendo, assim como no último ano, um período de recuperação e reconstrução. Por isso, acredito que seja o momento ideal para rever estratégias que contribuam para a construção de uma força de trabalho mais resiliente, flexível e ágil. É importante lembrar que, neste momento da retomada, sairá na frente quem estiver mais preparado.

* Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar

volta para o escritório no modelo híbrido