Por Pablo Spyer e Leonardo Merigue
O mercado financeiro Brasileiro mudou de verdade no ano de 2019. O crescimento do número de investidores na Bolsa de Valores, a B3, ocorre em um ritmo inédito, após décadas com 600 mil investidores. Apenas neste ano, mas de 500 mil investidores chegaram à Bolsa brasileira e, hoje, são mais de 1,3 milhão de pessoas – um recorde histórico.
O impacto positivo da gestão da B3 sob o comando do CEO Gilson Fiulkestain é positivamente incontestável. Contudo, o grande catalisador do mercado acionário no Brasil é a força do juro baixo.
A taxa de juro – em mínima histórica conduzida pelo Banco Central do Brasil (BCB) – é a força motriz que vem orientando o investidor deixar o conforto da Renda Fixa e se expor a mais risco em busca de maiores retornos reais.
Investimento em ações é a primeira opção desses aplicadores mais que dispostos, agora, a identificar novos rendimentos reais. E positivos. Adicione-se a isso, o fato de que investir em ações é o mesmo que surfar na recuperação da economia, assegurando-se de passar pelos diversos setores que serão beneficiados com a retomada esperada nos próximos trimestres.
Reforma da Previdência
A aprovação da Reforma da Previdência em 22 de Outubro, com mais de R$ 1 trilhão de economia previstos para o prazo de 10 anos, foi uma notícia histórica para o Brasil e, não há dúvidas, é o gatilho para maturação de toda uma agenda reformista aberta com a chegada do atual governo. O País segue em direção ao grau de investimento perdido em 2015.
Pode-se trabalhar com um cenário muito benéfico de recuperação gradual da economia, expansão moderada, porém contínua, do Produto, juros baixos para o longo prazo, inflação controlada, melhora gradual do emprego e recuperação da renda do brasileiro.
Mercado Internacional
Não é preciso mencionar, no entanto, que o mercado internacional terá que permitir que tenhamos anos de bonança. Obviamente, algum movimento inesperado, tipicamente exógeno, poderá atrasar um pouco. Entre os eventos possíveis, mas não exatamente prováveis, estão uma eventual recessão nas grandes economias, um acirramento da guerra comercial dos EUA com a China, ou uma desaceleração mais forte na própria China.
O principal índice da Bolsa do Brasil, o IBOVESPA, está em suas máximas históricas nominalmente. Porém, em dólar, está à metade do que já foi alcançado. Portanto ou o dólar recua significativamente ou o Ibovespa ainda tem um amplo espaço para sua alta.
Esses novos investidores da B3 miram essa perspectiva do IBOVESPA, esperada por diversos estrategistas do mercado brasileiro
Como esse cenário impacta o mercado de trabalho?
Com esse crescimento no mercado de capitais, as empresas ainda estão com o quadro de funcionários enxutos e algumas com baixa qualificação profissional. Com a recuperação rápida da economia e retorno da confiança, as empresas estão investindo e, consequentemente, a busca por talentos também aumentou.
O número de contratação em modelos como terceiros e temporários, também conhecidos como “staff loan”, tem crescido e isso acontece por conta da urgência da contratação e da mudança de mindset das empresas em buscar alternativas para atender às suas necessidades, sem precisar aumentar o quadro de colaboradores.
Como funciona o staff loan?
O recrutamento especializado em profissionais temporários não tem muito segredo. Empresas com experiência técnica, equipes de profissionais altamente qualificados e que conhecem profundamente os processos mais adequados para determinadas funções dentro de uma organização estão aptas para fornecer essa mão de obra.
Uma equipe de staff loan deve ser gerenciada por pessoas que estão habilitadas para acompanhar essas atividades. Ou seja, que conhecem o funcionamento da empresa contratante, as aptidões desejadas, a função que vão exercer e o perfil dos temporários.
O objetivo é garantir que os colaboradores que foram designados para essas organizações executem os trabalhos com excelência, cumprindo com o objetivo de suprir as demandas dos colaboradores internos, que compõem o quadro fixo de trabalho.
Exemplo de funcionamento do staff loan no mercado financeiro
Com a entrada de novos investidores e os sinais de retomada, as equipes, até agora enxutas, precisam ser revistas e qualificadas. Vamos supor, no entanto, que o RH da sua empresa não possa fazer nenhuma contratação. Como lidar com esse dilema?
Diante dessa situação, é possível alocar uma equipe que tenha como foco atender a esse novo momento do mercado. Essa equipe deve ter conhecimentos técnicos e habilidades para organizar todos os fluxos referentes a função. Assim, ao final do contrato, a equipe pode dar conta do trabalho sem precisar recrutar novos colaboradores.
Em síntese, o termo “Staff Loan” pode ser traduzido como “empréstimo de mão de obra técnica”. O conceito já é amplamente utilizado em países no exterior. No Brasil, surgiu como uma solução para multinacionais e grandes empresas, cujos processos de contratação costumam ser complexos e burocráticos.
Ou seja, no lugar de atrair e recrutar um novo colaborador, as empresas podem fazer um empréstimo desse profissional. Por ser um especialista na função e manter os conhecimentos atualizados, acaba se tornando uma opção de mão de obra treinada para atender às demandas específicas.
Saiba mais sobre as soluções em empréstimo de profissionais oferecidas pela Robert Half.
* Pablo Spyer, Diretor da corretora Mirae Asset, e Leonardo Merigue, consultor de recrutamento da Robert Half